A trombose é, talvez, um dos assuntos mais populares entre as rodas de conversa. Afinal, ela é extremamente comum, especialmente em pessoas com mais de 40 anos. Para se ter ideia, estima-se que a sua incidência no Brasil seja de dois casos para cada mil habitantes, resultando em aproximadamente 400 mil novos diagnósticos por ano.
O que você precisa saber sobre a trombose?
Caracterizada pela diminuição/bloqueio do fluxo sanguíneo de qualquer vaso do corpo, ela acontece a partir de um processo natural e necessário ao nosso organismo conhecido como hemostasia. Funciona assim: para evitar a perda excessiva de sangue após um machucado ou lesão, nossas plaquetas aderem umas às outras e formam uma espécie de “tampão” (coágulo) que, ao aderir à parede do vaso, reduz a passagem de fluido naquela região.
Após a cicatrização da ferida em questão, o coágulo passa por um processo chamado fibrinólise, desfazendo-se ainda no interior do vaso sanguíneo e permitindo, assim, que o sangue flua em sua totalidade. A grande questão é que, a depender do caso, os coágulos podem se formar inadequadamente ou, ainda, não se dissolverem após a lesão, permanecendo na região e, consequentemente, comprometendo o fluxo sanguíneo. Quando isso acontece, chamamos o coágulo de trombo.
A gravidade desse quadro se encontra no seguinte fato…
… o coração bombeia o sangue para todo o corpo, transportando oxigênio e nutrientes para manter os órgãos, os tecidos, os músculos e as células em pleno funcionamento. Sendo assim, a interrupção desse fluxo, seja onde for, costuma resultar em diversas doenças e, em alguns casos, pode até mesmo ser fatal.
Um coágulo que se forma nas veias ou artérias que compõem o “sistema cardiovascular”, por exemplo, pode causar problemas cardíacos graves como o infarto e a aterosclerose. A formação de trombos nas veias profundas das pernas, por sua vez, resulta na trombose venosa profunda, enquanto o bloqueio do fluxo sanguíneo para os pulmões ou para o cérebro provocam, respectivamente, embolia e AVC.
Em suma, são motivos como estes que tornam a detecção precoce da trombose e, claro, o seu tratamento, tão importantes para a nossa saúde. Sendo assim, para saber tudo o que precisa sobre essa condição, sente-se confortavelmente e venha conosco.
Tipos de trombose
Na introdução desse bate-papo nós já lhe explicamos tudo sobre o processo de formação dos coágulos. No entanto, para termos um diagnóstico mais assertivo de trombose e, assim, saber qual é a melhor maneira de lidar com ela, precisamos saber onde o bloqueio se formou. Afinal, é essa localização que estabelece o tipo da doença.
Atualmente, existem duas categorias que precisam ser observadas. São elas:
- Trombose arterial: como o próprio nome sugere, diz respeito à trombose que acomete artérias (vasos sanguíneos que transportam sangue e oxigênio do coração para o restante do corpo). É a causa mais comum de ataques cardíacos e derrames.
- Trombose venosa: acontece nas veias (vasos sanguíneos que transportam o sangue de volta para o coração). É a causa mais comum de embolia pulmonar.
- Trombose Venosa Superficial: é formada em veias que estão mais próximas da superfície do corpo.
- Trombose venosa profunda (TVP): acomete as veias mais afastadas/profundas da pele e, apesar de ocorrer em qualquer região do sistema venoso profundo, é mais comum nas pernas.
- Trombose Venosa Renal (TVR): acomete a veia renal, responsável por drenar o sangue para fora dos rins.
Sintomas
Os sintomas da trombose variam de acordo com o tamanho do coágulo e, conforme já vimos, com a sua localização. Sendo assim, vamos por partes.
Trombose arterial
Um coágulo que bloqueia uma artéria causará um problema chamado isquemia, que é quando as células começam a morrer porque não estão recebendo fluxo sanguíneo necessário para sobreviverem. Os primeiros sintomas desse processo incluem:
- mudanças na coloração da pele (geralmente, a região acometida se torna pálida);
- variações de temperatura (a falta de fluxo sanguíneo faz com que a parte do corpo afetada fique mais fria);
- fraqueza;
- dormência ou formigamento.
Em casos mais graves, é comum notar:
- bolhas ou feridas;
- descamação da pele;
- necrose (morte do tecido).
Trombose venosa
Aqui, a rapidez com que o sangue retorna ao coração é limitada, exercendo muita pressão sobre as veias. Todo esse processo costuma causar:
- vermelhidão/escurecimento da região afetada;
- dor, especialmente ao redor da trombose.
- inchaço do acúmulo de fluido.
- variações de temperatura (a pele, aqui, fica mais quente).
Causas
Existem três grandes fatores (conhecidos como a tríade de Virchow) que podem comprometer o processo normal de coagulação e, consequentemente, contribuir para a trombose. São eles:
alterações no fluxo sanguíneo (especialmente no caso do fluxo insuficiente, que ocorre após o repouso prolongado);
o estado das paredes dos vasos sanguíneos (se há lesões ou alterações no revestimento destes vasos)
a composição do sangue (em alguns casos, o sangue pode coagular mais facilmente do que o normal).
São outras possíveis causas para os coágulos sanguíneos:
- fraturas;
- obesidade;
- certos medicamentos, como aqueles que contêm estrogênio;
- doença ou lesão nas veias profundas dos braços, das pernas ou da pélvis;
- distúrbios autoimunes que provocam o espessamento do sangue;
- genética.
Fatores de risco
São vários os fatores que podem aumentar os riscos para a trombose. Entre eles, os mais comuns incluem:
- cirurgia ou hospitalização;
- repouso prolongado ou permanecer-se sentado por muitas horas;
- viajando por mais de 4 horas sem se mover;
- tabagismo;
- drogas quimioterápicas.
Por fim, são algumas das condições médicas que costumam contribuir para a formação dos trombos:
- pressão alta;
- colesterol alto;
- infecções;
- arteriosclerose;
- condições cardíacas e pulmonares;
- condições autoimunes ou inflamatórias;
- paralisia da perna;
- câncer.
Diagnóstico
Para o diagnóstico da trombose, é comum que o especialista siga os seguintes passos:
- perguntar, durante a consulta, sobre os sintomas do paciente, incluindo quando eles começaram;
- revisar o histórico médico da pessoa, verificando cirurgias anteriores e medicamentos atuais;
- solicitar exames para verificar se há a presença do fragmento de proteína “D-dímero” no sangue, que aparece quando um coágulo sanguíneo se dissolve;
- requerer um ultrassom para checar se há trombose venosa profunda, ou ainda pedir uma tomografia computadorizada para verificar se há embolia pulmonar.
Vale ressaltar, no entanto, que esse processo pode variar de acordo com cada caso. O importante, aqui, é escolher profissionais qualificados e de confiança.
Afinal: qual é o tratamento para a trombose?
Os tratamentos mais comuns e eficazes para a trombose são os anticoagulantes injetáveis como, por exemplo, a heparina. A dosagem, é claro, varia de acordo com as necessidades de cada paciente.
Em situações de emergência, o paciente pode receber uma dose de medicamentos ativadores de plasminogênio tecidual, responsáveis pela produção da plasmina, enzima envolvida no processo da dissolução dos coágulos.
No mais, o tratamento a longo prazo para a trombose geralmente envolve os anticoagulantes orais diretos como, por exemplo, a varfarina e a rivaroxabana, e ainda o uso de meias de compressão (em alguns casos) para estimular o fluxo sanguíneo na região.
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