Quando falamos em linguagem, o que lhe vem à cabeça? Um grupo de pessoas conversando, talvez, ou até mesmo se comunicando por meio de gestos e sinais, não é mesmo? Bem, você não está errado(a).
A linguagem envolve, basicamente, uma série de significados e símbolos abstratos que, unidos, formam idiomas, expressões, ideias, histórias etc. No entanto, para que estes fatores transmitam a ideia correta, é preciso que o emissor tenha domínio/entendimento sobre eles, assim como o receptor.
Pois bem. Embora haja exceções, a maioria das pessoas com autismo consegue se comunicar bem. Contudo, em grande parte dos casos, elas costumam falar de maneira diferente quando comparadas aos seus pares neurotípicos. Algumas dessas diferenças estão relacionadas à produção da fala, enquanto outras se encaixam nos desafios da linguagem não-verbal e de outras expectativas socioculturais.
Tudo isso acontece, basicamente, porque o aprendizado e desenvolvimento da linguagem, no TEA, ocorre de forma diferente. Sendo assim, não é de se espantar que crianças e adultos com essa condição tenham certas dificuldades para dominarem tais habilidades.
Para saber, então, quais são os problemas de fala, linguagem e comunicação no espectro autista, basta continuar conosco!
Do começo: o que é o TEA (transtorno do espectro autista)?
O autismo diz respeito a um transtorno do neurodesenvolvimento que engloba inúmeras características e limitações, sendo estas relacionadas, na maioria das vezes, a desafios sociais, comunicacionais e comportamentais.
Todos estes sinais, vale ressaltar, manifestam-se de formas e intensidades diferentes para cada paciente e, por isso, dizemos que ele está em um “espectro”.
Quando o assunto é o TEA, então, precisamos nos lembrar de que cada caso é único. No entanto, vale ressaltar que sua principal característica e, portanto, presente na maioria dos pacientes é a dificuldade de comunicação. Sendo assim, que tal conversarmos um pouco mais sobre isso?
Afinal: como o autismo afeta a comunicação?
A palavra “autismo” tem sua origem na palavra grega “autos”, que significa “eu”. Não à toa, as crianças com TEA parecem existir em um mundo privado no qual têm uma capacidade limitada de se comunicar e interagir com os outros com sucesso.
Isso acontece, principalmente, porque elas possuem dificuldade para desenvolverem certas habilidades de linguagem (tanto verbal quanto não verbal) e, consequentemente, entenderem o que os outros dizem ou sinalizam a elas. É por isso, inclusive, que muitas pessoas com autismo não captam nuances da comunicação como, por exemplo, ironia, piada, metáfora, entre outras.
O porquê esse atraso do neurodesenvolvimento acontece ainda não é totalmente esclarecido pela comunidade científica. No entanto, existem alguns fatores de risco evidentemente associados a ele como, por exemplo: predisposição genética e certos fatores ambientais (infecções na gravidez, altas concentrações de ácido valproico, idade paterna etc).
O que vale entender, aqui, é que a capacidade das crianças autistas de se comunicarem depende de seu desenvolvimento intelectual e social. Algumas crianças com essa condição podem não conseguir se comunicar usando a fala ou a linguagem, enquanto outras podem ter habilidades de fala muito limitadas. Por outro lado, existem pacientes que têm um vocabulário rico e conseguem falar muito bem sobre assuntos específicos.
Muitos têm, ainda, problemas com o significado e o ritmo das palavras e frases, e também podem ser incapazes de entender a linguagem corporal e os significados de diferentes tons de voz.
Juntas, essas dificuldades afetam a capacidade de as crianças com TEA interagirem com outras pessoas, especialmente aquelas de sua idade. Abaixo, trouxemos alguns padrões de uso da linguagem e comportamentos que são frequentemente encontrados em crianças com TEA. Veja só:
1. Linguagem repetitiva e/ou rígida
Algumas pessoas com o transtorno do espectro autista podem falar coisas que não têm significado algum ou, ainda, que não apresentam coerência no contexto da conversa. São exemplos claros disso: ecolalia (acontece quando o paciente sempre repete a última palavra que ouviu) e obsessão por contar números ou dizer certas palavras/expressões.
Vale ressaltar, ainda, que elas podem variar a fala entre rígida e robótica (prosódia), ou cantante/estridente.
2. Hiperfoco e habilidades excepcionais
Lembra quando mencionamos, no início deste bate-papo, que o autismo pode se manifestar de formas e graus diferentes? Pois bem. Existem alguns pacientes que, acredite se quiser, produzem monólogos aprofundados e complexos sobre os tópicos que mais lhes interessam. Isso acontece, principalmente, porque elas direcionam toda sua atenção e dedicação a estes tópicos, tornando-as verdadeiras especialistas no assunto!
3. Desenvolvimento desigual da linguagem
Muitas pessoas com TEA desenvolvem algumas habilidades de fala em níveis e progressos desiguais. Um exemplo: elas podem desenvolver um vocabulário rico desde muito cedo, no entanto, ele diz respeito às coisas de que elas mais têm interesse, e não ao restante das palavras.
4. Habilidades reduzidas de comunicação não verbal
Pessoas com autismo geralmente não conseguem usar gestos – como apontar para um objeto – para dar sentido ao seu discurso. Além disso, elas frequentemente evitam o contato visual, o que pode fazer com que pareçam rudes, desinteressadas ou desatentas.
E, por fim: como lidar com os problemas de linguagem, fala e comunicação no autismo?
A melhor conduta, aqui, é encaminhar o paciente a um fonoaudiólogo. No entanto, precisamos nos lembrar de que, como estamos tratando de um transtorno neurológico com um amplo espectro de sintomas, outras especialidades podem ser necessárias para o tratamento do indivíduo. São alguns exemplos: musicoterapia, terapia cognitivo-comportamental, terapia ocupacional etc.
Sendo assim, caso haja qualquer suspeita de que seu ente querido possa ser autista, procure por ajuda especializada para que vocês, juntos, determinem quais serão as melhores condutas para ele, combinado?
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