Derrame cerebral: o papel da fisioterapia na reabilitação do paciente - Profisio Center Skip to main content

O acidente vascular encefálico (AVE) pode afetar uma pessoa de várias maneiras diferentes. Afinal, ele compromete (drasticamente, ou não) as conexões entre a parte do cérebro afetada e os músculos que respondem a ela. É por isso, inclusive, que o AVE é uma das principais causas para a incapacidade e perda de mobilidade a longo prazo.

No entanto, essa perda não é, necessariamente, permanente. Tudo depende do quadro de saúde da pessoa, da gravidade do derrame e, principalmente, nas medidas tomadas após o episódio.

Ocorre que o tratamento mais efetivo para ajudar o paciente a recuperar seus movimentos e, em alguns casos, sua operacionalidade e independência, é a fisioterapia. Aqui, o profissional estabelece um programa de reabilitação composto por exercícios, movimentos e técnicas específicas que trabalharão a favor da recuperação do paciente.

Para saber, então, qual é a importância da fisioterapia na reabilitação após derrame cerebral, continue conosco.

Afinal: o que é um derrame cerebral?

Um derrame cerebral (AVC ou AVE) acontece quando o sangue para de fluir para qualquer parte do cérebro, danificando as células desse órgão. Seus efeitos, é claro, dependem da região em que ele ocorreu e da quantidade dos danos causados.

No mais, existem três tipos de derrame:

  • isquêmico (caracterizado pelo bloqueio de algum vaso sanguíneo do cérebro, acarretando falta de oxigenação nos tecidos adjacentes);
  • hemorrágico (acontece quando uma artéria do cérebro se rompe, interrompendo o fluxo sanguíneo nessa região);
  • transitório (causado por um pequeno coágulo que bloqueia brevemente uma artéria do cérebro. É popularmente conhecido como “mini-AVC”, ou “AVC de aviso”).

Qual é o objetivo da fisioterapia pós-derrame cerebral?

O AVC e/ou AVE, na maioria das vezes, compromete drasticamente um dos lados do corpo, podendo até mesmo paralisá-lo completamente (a depender do caso). Isso significa, então, que os pacientes perdem, de fato, a função de um dos braços, uma das pernas, ou ambos. Além disso, a lateral da face que foi comprometida tende a entortar, causando problemas de fala, mastigação etc.

Nas primeiras semanas e meses de recuperação, então, os fisioterapeutas têm como objetivo manter esses músculos comprometidos tonificados e estimulados. Assim, caso as funções destes retorne, o tratamento permite que a pessoa reaprenda as principais habilidades cotidianas realizadas por eles e estimulem as células cerebrais saudáveis ​​a trabalharem melhor as partes afetadas.

Como a fisioterapia funciona, então, para esse tipo de paciente?

A fisioterapia para a reabilitação de pessoas que sofreram derrame cerebral varia de acordo com cada caso. No entanto, a essência de como o tratamento é “montado” é, basicamente, a mesma.

Durante a primeira consulta, o terapeuta examina completamente o corpo do paciente e, claro, consulta as observações do neurologista. Além disso, é natural que ele converse com os entes queridos da pessoa (caso ela não consiga responder às perguntas por conta própria) e, assim, investiga os sintomas e contratempos gerados até então.

Essa conduta, no fim das contas, permite que o profissional desenvolva um plano específico para as necessidades daquele paciente, sempre com o foco na restauração dos seus movimentos e na prevenção de problemas que costumam decorrer do derrame.

No geral, os fisioterapeutas começam com tarefas e movimentos mais básicos, até que a pessoa consiga se mover com segurança. Assim, na medida em que os primeiros resultados comecem a aparecer, novos exercícios serão adicionados.

O objetivo, então, passa a se concentrar em melhorar o equilíbrio do paciente, ajudá-lo a reaprender habilidades básicas de coordenação e retreinar seu cérebro para realizar tarefas funcionais, como agarrar objetos e andar.

Quais são as intervenções mais populares em casos pós-derrame?

Posicionamento terapêutico (em casos mais graves)

A capacidade de mudar a posição e a postura é afetada em muitos indivíduos após o AVC/AVE. Em alguns casos, a pessoa chega a permanecer acamada, o que pode, a longo prazo, afetar (e muito) a sua saúde e independência.

Porém, a posição mais apropriada para colocar um paciente após um derrame cerebral permanece incerta. Em outras palavras, não há nenhuma evidência concreta que priorize uma posição em relação à outra.

A boa notícia, no entanto, é que existem cinco posições principais que são fortemente recomendadas pelos especialistas (e que variam de acordo com as necessidades e objetivos de cada paciente):

  • sentada (de preferência, em cadeiras/poltronas ergometricamente adaptadas);
  • deitada sobre o lado não afetado;
  • deitada sobre o lado afetado;
  • sentada em uma cadeira de rodas;
  • deitada em decúbito dorsal (de barriga para cima).

No mais, o posicionamento terapêutico visa:

  • reduzir os danos à pele (geralmente provocados pela imobilização);
  • diminuir o inchaço dos membros afetados (especialmente se a pessoa estiver acamada);
  • amenizar qualquer tipo de dor ou desconforto;
  • maximizar a função dos membros afetados;
  • reduzir os riscos para complicações respiratórias (e, assim, evitar o comprometimento da hidratação e nutrição do paciente).

Técnicas de equilíbrio

A dificuldade de equilíbrio é extremamente comum em muitos indivíduos que sofreram um AVC. Isso acontece, principalmente, devido à redução do controle motor do tronco, e, às vezes, à percepção alterada de uma pessoa de sua consciência e representação corporal.

Sendo assim, treinar estes dois fatores é essencial para que o paciente recupere sua confiança e, é claro, corra menos riscos de se acidentar. Para isso, a principal conduta é realizar exercícios de tronco para fortalecê-lo e, claro, melhorar o seu desempenho.

Além disso, algumas atividades específicas podem ser aplicadas para que a pessoa melhore as variações entre se sentar e se levantar, e permanecer sentada ou de pé firmemente, sem a ajuda de ninguém.

Marcha e mobilidade

A maior prioridade para muitas pessoas com mobilidade limitada após um AVC é caminhar independentemente. Para isso, então, o foco é contar com tratamentos e equipamentos que, quando utilizados da forma correta, farão com que o paciente ganhe ainda mais autonomia.

O tempo despendido em exercícios de fortalecimento específicos para pernas, por exemplo, e com certo enfoque cardiorrespiratório, são essenciais para que o paciente tenha forças e coordenação para se movimentar de um local ao outro.

Vale ressaltar, claro, que as intervenções devem se concentrar na progressão, adicionando desafios gradualmente para que os resultados sejam cada vez melhores, porém, que respeitem as limitações do paciente.

Treinamento em esteira

O treinamento em esteira pode ser utilizado tanto para reeducação/ treinamento da marcha, como também para melhorar as funções aeróbicas do paciente. Sendo assim, a depender do caso, as sessões podem incluir pesos corporais, velocidades distintas, e por aí vai. Tudo varia, é claro, de acordo com cada caso.

É comum, ainda, que os terapeutas alternem entre as caminhadas com sustentação de peso, e as facilitam a alternância de passos lentos com sustentação de peso, e marchas mais rápidas, para trabalhar as funções cardiorrespiratórias.

Treinamento bilateral do braço

Essa intervenção oferece um treinamento intensivo e focado na coordenação bilateral do corpo, ou seja, na aptidão para realizar movimentos e tarefas com os dois braços, e não somente com o lado do corpo que não foi afetado pelo derrame.

Durante as sessões, o objetivo é fazer com que o paciente reproduza certos padrões de movimento ou atividades com as duas mãos simultaneamente. Porém, eles podem ser independentes um do outro, complementares ou até mesmo cíclicos. Tudo depende, é claro, das limitações e objetivos de cada caso.

O segredo, aqui, é trabalhar a coordenação motora e reeducar as células cerebrais saudáveis para que elas se dediquem à funcionalidade de ambos os lados do corpo, e não somente daquele que não sofreu consequências do AVC.

Por fim…

Lembre-se: caso haja qualquer suspeita de derrame cerebral, ou a certeza de um, não deixe de procurar por ajuda e, “após o susto”, buscar pelas orientações de um neurologista e um fisioterapeuta capacitados e de confiança para saber quais são os próximos passos.

No mais, cuide-se e até a próxima.

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