O nascimento de um bebê, apesar de ser uma experiência incrível, abriga uma série de emoções poderosas, especialmente em pais de primeira viagem. Não é à toa que, na maioria dos casos, as novas mães experimentam o “baby blues” (ou tristeza materna), um quadro que se manifesta logo nos primeiros dias após o parto. Nele, é comum que as mulheres sofram mudanças bruscas de humor, crises de choro, ansiedade e até mesmo dificuldade para dormir.
No entanto, se esses sintomas duram mais de duas semanas, a principal hipótese é de que a puérpera esteja passando por uma depressão pós-parto ou, em casos mais graves, até mesmo uma psicose.
Pensando nisso e, claro, aproveitando o Setembro Amarelo, o objetivo é bater um papo com vocês sobre essa condição que afeta cerca de 26% das mulheres brasileiras.
Antes de começarmos, no entanto, é preciso reforçar uma coisa: depressão pós-parto não é, em hipótese alguma, uma fraqueza ou, ainda, uma falha de caráter. Saúde mental é um assunto sério e que, a cada dia que passa, precisa mais de nossa atenção!
Portanto, se você desconfia que esteja com essa condição, ou conhece alguém que a tenha, não deixe de procurar pelas orientações de um especialista (psicólogo, psiquiatra e afins).
Do começo: o que é a depressão pós-parto e quais são os seus sintomas?
A depressão pós-parto (DPP), como o próprio nome indica, é uma forma de depressão que acomete mulheres que acabaram de ter filho(s). No entanto, aí vai um fato interessante: ela pode afetar não somente as mães biológicas, como também os pais adotivos e/ou responsáveis.
Uma explicação para isso é que, para além das mudanças hormonais, a chegada de um bebê pode causar mudanças drásticas de vida que variam desde físicas e emocionais, até mesmo financeiras e sociais.
Essa condição, que costuma se desenvolver ao longo das 4 semanas após o parto, abriga sintomas como, por exemplo:
- alterações de humor;
- perda de interesse em coisas que, antes, lhe eram prazerosas;
- falta de apetite ou compulsão alimentar;
- ansiedade;
- ataques de pânico;
- pensamentos intrusivos e assustadores;
- sentimento de culpa excessivo;
- irritabilidade e/ou agitação;
- crises de choro incontroláveis;
- insônia;
- desinteresse pelo bebê;
- dificuldade de concentração;
- vontade de causar danos a si mesma e/ou ao bebê.
Tipos de depressão pós-parto
De acordo com diversos estudos, entre eles um artigo publicado em 2005 na Revista Pediatria Moderna, existem três tipos de depressão pós-parto. São eles:
- Tristeza materna (ou baby blues) – é um estado de humor depressivo que afeta cerca de 80% das mulheres. Nela, a puérpera experimenta crises frequentes e prolongadas de choro sem motivo aparente, tristeza e ansiedade. Geralmente, começa na primeira semana após o parto e, apesar de extremamente desagradável, costuma desaparecer dentro de duas semanas e, por isso, não requer tratamento.
- Depressão pós-parto – mais séria que o baby blues, a DPP acomete entre 10 e 20% das mulheres e provoca sintomas como alterações intensas de humor, choro frequente, irritabilidade/fadiga, bem como sentimentos de culpa, ansiedade e incapacidade de cuidar de seu bebê ou de si mesma. Neste caso, a principal indicação é iniciar um tratamento com psicoterapia e/ou antidepressivos.
- Psicose pós-parto – é uma forma extremamente grave de depressão pós-parto e requer atenção médica imediata. É uma condição relativamente rara e seus sintomas incluem agitação severa, delírios, insônia, paranoia, fala rápida e/ou mania. Seu tratamento inclui, geralmente, hospitalização, psicoterapia e medicação.
Quais são os principais fatores de risco para a DPP?
Assim como acontece com a depressão, não se sabe, ao certo, qual é a causa exata para a depressão pós-parto. No entanto, é claro que existem alguns fatores de risco que precisam ser considerados. Entre eles, posso citar:
- alterações hormonais;
- já ter experimentado, em algum momento da vida, a depressão;
- ter casos de depressão (e outros transtornos mentais) na família após o parto, ou em qualquer época da vida;
- mudanças drásticas de vida com a chegada do recém-nascido;
- ter um bebê que chora mais do que o normal, ou que necessita de cuidados especiais;
- ser mãe de primeira viagem;
- ter o primeiro filho muito jovem, ou ainda quando se está mais próxima da menopausa;
- estressores emocionais diversos (morte de um ente querido, problemas familiares, dificuldades financeiras etc).
Diagnóstico
Atualmente, ainda não existe um teste específico para diagnosticar a depressão pós-parto. O comum, aqui, é que o especialista avalie a puérpera durante as consultas, discutindo seu histórico de saúde e perguntando como ela se se sente desde o nascimento do bebê.
Em certos casos, o médico pode solicitar alguns exames de sangue porque a depressão pós-parto pode causar sintomas semelhantes aos de outras doenças como, por exemplo, as de tireoide (em especial o hipertireoidismo).
E, por fim: a depressão pós-parto tem cura?
A resposta é sim! O tratamento para a depressão pós-parto costuma incluir uma série de condutas combinadas. Entre elas, as mais comuns incluem medicamentos e terapia.
Sobre os medicamentos para a DPP…
A alternativa mais comum para a depressão pós-parto é a administração de antidepressivo(s). Neste caso, a escolha da melhor opção para cada paciente varia de acordo com uma série de fatores e, por isso, é importante contar com um especialista extremamente qualificado e de confiança para iniciar/acompanhar o seu tratamento.
Para além dos antidepressivos, é importante mencionar, também, as terapias hormonais. Afinal, após o parto, os níveis de estrogênio e progesterona caem drasticamente, o que pode facilitar o desenvolvimento da doença.
Sendo assim, não deixe de conversar sobre essa alternativa com o(a) seu(sua) médico(a) e, claro, de tirar todas as suas dúvidas sobre ele.
Sobre a terapia…
Existem, por fim, diversas áreas da psicologia pelas quais você pode seguir. Há quem se adapte melhor com as terapias cognitivo-comportamentais, por exemplo, ou ainda com a psicanálise. Isso sem mencionar os grupos de apoio.
O ideal, aqui, é que você procure por aquilo que, além de eficiente, claro, lhe faça bem. Para isso, recorra a profissionais qualificados, altamente recomendados e de confiança, combinado? Afinal, é da sua saúde mental que estamos falando!
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