Convenhamos: ninguém fala perfeitamente o tempo todo. Cada um de nós já experimentou, pelo menos uma vez na vida, certas interrupções e incongruências enquanto tentamos comunicar algo. Para as pessoas que gaguejam, no entanto, essas disfluências são mais graves e consistentes.
A disfemia, popularmente conhecida como gagueira, é um distúrbio de linguagem caracterizado por alterações no ritmo e na fluência da fala. Explicando melhor: um indivíduo que gagueja sabe exatamente o que dizer, contudo, enfrenta dificuldades para manter o fluxo normal de fala. Esse processo, apesar de inofensivo à saúde, pode causar ansiedade, estresse e até mesmo fobia social.
Vale ressaltar, por fim, que os sintomas dessa condição podem variar significativamente de pessoa para pessoa e, ainda, de uma circunstância para a outra. Falar diante de um grupo de pessoas ou ao telefone, por exemplo, pode tornar a disfemia mais grave, enquanto cantar, ler ou falar em uníssono pode reduzir temporariamente os sintomas desta.
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Causas
Infelizmente, as causas exatas para a gagueira ainda são desconhecidas. Porém, é de comum entendimento na comunidade científica que ela se associa diretamente a determinados fatores. São eles:
- anormalidades no controle motor da fala;
- genética;
- resultado de outras condições como, por exemplo, AVC, lesões cerebrais e quaisquer outros distúrbios que possam causar fala lenta com pausas ou sons repetidos.
O tipo mais comum de gagueira geralmente se desenvolve por conta própria na infância, mais frequentemente entre os dois e oito anos de idade.
Sintomas
Os sinais e sintomas da gagueira podem incluir:
- dificuldade para iniciar uma frase;
- prolongar fonemas;
- repetir sons, sílabas ou palavras;
- ter breves períodos de silêncio entre a produção de sílabas;
- excesso de tensão, aperto ou movimento da face (tiques) ao tentar dizer algo;
- ansiedade ao falar;
- capacidade limitada de comunicação.
Vale reforçar que os episódios de disfemia podem se agravar quando a pessoa está excitada, cansada ou sob estresse, ou ainda quando se sente constrangida, apressada ou pressionada.
A disfemia é variável?
Como já adiantamos no começo desse bate-papo, sim! A gravidade da disfemia varia não somente de pessoa para pessoa, como também pode se agravar conforme a rotina ou circunstância em que o paciente se encontra. Dizer o próprio nome, para alguns indivíduos, é uma tarefa simples. No entanto, quando eles são colocados diante de uma plateia, por exemplo, a gagueira pode se manifestar em função do nervosismo.
É interessante mencionar, também, que os padrões de comportamento desse distúrbio também variam. Pessoas que gaguejam podem experimentar repetições (c-c-c-cão), prolongamentos (mmmmmmm-ãe) ou bloqueios (ausência de som), ou ainda uma combinação de todos estes sintomas.
São outros fatos importantes sobre a gagueira que merecem nossa atenção:
- A gagueira pode começar gradualmente e se desenvolver ao longo do tempo, ou pode aparecer de repente.
- Quando as pessoas gaguejam, elas sentem que perderam o controle de seu mecanismo de fala. Essa sensação pode levar a sentimentos como constrangimento, ansiedade e medo de falar e gaguejar novamente.
- Cerca de 80% das crianças que começam a gaguejar cedo acabam “se curando sozinhas”. Aquelas que continuam com a disfemia em idade escolar, no entanto, provavelmente permanecerão gaguejando de alguma forma ao longo de suas vidas.
- Para as pessoas que gaguejam, as disfluências observáveis não são a parte mais importante da condição. Em vez disso, é o impacto em suas vidas que causa mais preocupação. Portanto, a terapia fonoaudiológica para a gagueira (falaremos sobre ela mais tarde) deve ir além da capacidade de fluência do paciente, considerando as maneiras pelas quais a vida dos falantes é afetada por ela.
Diagnóstico
O diagnóstico de disfemia é geralmente feito por um fonoaudiólogo, profissional da saúde treinado para avaliar e tratar crianças/adultos com distúrbios de fala e linguagem. Durante a consulta, o especialista costuma analisar a fala do paciente em diferentes situações e, claro, perguntar sobre o seu histórico geral de saúde.
E, por fim: como a gagueira é tratada?
Nem todas as pessoas que gaguejam precisam de tratamento mas, quando ele se torna essencial para aprimorar suas habilidades de comunicação, a maior indicação é a fonoaudiologia. Afinal, ela tem como objetivo reduzir as interrupções na fala e melhorar a autoestima do paciente.
A terapia geralmente se concentra no controle dos padrões de fala, incentivando o indivíduo a trabalhar aspectos da linguagem como a taxa de conversação, o suporte respiratório e a tensão laríngea. Para tal, uma série de exercícios será planejada de acordo com as necessidades e objetivos de cada pessoa.
No mais, é importante lembrar que não existe uma única técnica, dispositivo ou medicamento que cure a gagueira. Muitas pessoas que gaguejam às vezes são instruídas a “desacelerarem” ou “apenas relaxarem” ao falar. Embora entregues com a melhor das intenções, essas dicas implicam que a disfemia é causada pela ansiedade e que a pessoa pode controlar sua gagueira desde que se esforce o suficiente. Ter uma fala fluente não é tão simples quanto parece e, por isso, a presença de um fonoaudiólogo nesse processo é fundamental.
Ufa!
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