Fisioterapia Cardíaca e Vascular Periférica

Segundo a Organização Mundial da Saúde, Reabilitação Cardíaca é o somatório das atividades necessárias para garantir, aos pacientes portadores de cardiopatia, uma melhor condição física, mental e social. As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte na maioria dos países, acarretam importante morbidade ao longo de sua evolução e são estimadas como a causa mais comum de morte em idosos.

A Reabilitação Cardíaca é capaz de reduzir o risco cardiovascular em virtude de adaptações cardíacas, pulmonares, metabólicas, musculares e vasculares que os exercícios promovem no organismo do indivíduo. Os principais objetivos desse tipo de acompanhamento são combater os fatores de riscos (obesidade, sedentarismo, hipercolesterolemia, redução de triglicérides, cessação do tabagismo, controle da glicose, etc), diminuir os efeitos causados pelas doenças cardíacas, melhorar a força muscular, a flexibilidade e a perda de peso, promover a redução dos níveis pressóricos e glicêmicos, melhorar a capacidade funcional, além de melhorar a qualidade de vida do paciente.

A Reabilitação Cardíaca envolve tratamento multiprofissional, com aconselhamento psicológico e nutricional. Além disso, há a orientação sobre os fatores de riscos, a prescrição de medicamentos (realizados por médicos) e as sessões de reabilitação com exercícios físicos (atuação fisioterapeuta).

Durante as sessões, o paciente é acompanhado de forma individual e segura, onde realizamos o monitoramento da pressão arterial, da frequência cardíaca (batimentos cardíacos), da saturação e da glicemia (quando necessário). Vale ressaltar que esse tipo de tratamento deve ser realizado por profissionais especializados e capacitados.

Já em relação a Fisioterapia Vascular, a mesma irá atuar nas DOENÇAS VASCULARES, nas quais englobam as disfunções da movimentação dos líquidos corpóreos que acometem o sistema arterial, venoso ou linfático.

Doença Arterial Periférica:

A doença arterial periférica está associada a um déficit no desempenho físico e na qualidade de vida, ocasionada pela aterosclerose (placas de gorduras), que provoca uma obstrução nas principais artérias que levam o sangue rico em oxigênio para as extremidades do corpo, diminuindo assim o fluxo sanguíneo dos membros. Na maioria das vezes, a doença arterial está acompanhada de alguma doença coronariana e/ou cerebrovascular.

Essa patologia causa alguns sintomas como dor isquêmica (claudicação intermitente – dor nos membros inferiores que na maioria das vezes é necessário interromper a caminhada), limitações físicas e incapacidade funcional gradativa com risco até de perda das extremidades.

A doença arterial periférica é uma doença multifatorial. Conheça alguns desses fatores de risco:

  • envelhecimento;
  • diabetes;
  • tabagismo;
  • dislipidemia;
  • hipertensão arterial.

O objetivo do tratamento para Doença Arterial Periférica é:

  • reduzir os fatores de risco cardiovasculares;
  • reduzir os sintomas nas extremidades inferiores;
  • melhorar a qualidade de vida do paciente.

Para auxiliar na diminuição dos sintomas e fatores de riscos associados, o tratamento recomendado é a reabilitação cardiovascular. Nela, o paciente irá realizar a prática de exercícios físicos específicos para o tratamento, os quais incluem treinamento aeróbico e fortalecimento muscular, principalmente de membros inferiores, que irá contribuir para o aumento do fluxo sanguíneo, a hipertrofia muscular e a melhora do retorno venoso (retorno do sangue para o coração).

Doença Venosa Crônica:

A insuficiência venosa crônica é uma doença muito comum, mais frequente em mulheres e idosos, que está associada ao aumento da pressão hidrostática intraluminal (dentro do vaso sanguíneo). Ela é caracteriza pela incapacidade em manter um equilíbrio entre o fluxo sanguíneo que chega aos membros inferiores e o seu retorno, sendo geralmente causada pelo mau funcionamento das válvulas que existem dentro das veias, podendo estar associada à obstrução do fluxo venoso.

Principais sintomas que estão relacionados à doença venosa crônica:

  • sensação de peso e dor nas pernas;
  • inchaço;
  • formigamentos, cãibras e dormência;
  • coceiras;
  • manifestações cutâneas;
  • telangiectasia (vasinhos);
  • veias varicosas;
  • edema (inchaço);
  • hiperpigmentação (escurecimento da pele);
  • úlceras.

Os fatores de risco para desenvolver a insuficiência venosa são:

  • gravidez e uso de anticoncepcionais orais (o estrogênio aumenta a permeabilidade venosa e a progesterona promove a dilatação dos vasos);
  • obesidade;
  • tabagismo;
  • ficar por longos períodos de pé;
  • sedentarismo;
  • histórico familiar de varizes ou insuficiência venosa crônica;
  • histórico prévio de trauma no membro inferior afetado;
  • histórico de tromboflebite.

A Reabilitação Vascular irá atuar, principalmente, na redução da pressão intraluminal venosa (pressão dentro das veias) por meio de exercícios físicos específicos e da drenagem linfática manual (terapia complexa descongestiva). Eles irão contribuir para diminuição das alterações vasculares, melhora do retorno venoso, ganho de força muscular em panturrilha (considerado como coração periférico) e melhora do condicionamento cardiovascular.

Doenças Linfáticas:

O sistema linfático consiste em uma rede de vasos, de capilares, de ductos linfáticos e de linfonodos que são distribuídos por todo o corpo. Ele tem como função drenar a linfa (líquido proveniente dos tecidos corporais, composto por água, proteína, gorduras e resíduos) para os linfonodos ou gânglios linfáticos, locais onde a linfa é submetida a uma filtragem para a eliminação dos resíduos e devolvida ao sangue.

Principais causas das doenças linfáticas:

  • congênita, (a pessoa já nasce com o problema);
  • infecciosa (lesão da pele, como cortes, ferimentos, picadas de inseto etc.);
  • câncer (após radioterapia e cirurgias para retirada dos linfonodos).

Indivíduos portadores de doença linfática apresentam uma circulação linfática lenta. Essa lentidão leva a um acúmulo da linfa debaixo da pele, o que acarreta em inchaço dos pés, dos tornozelos, das pernas ou dos braços. Isso pode causar dor no local, deformidades, dificuldade para movimentar os membros (sensação de peso) e infecção da pele.

As doenças do sistema linfático podem ser por:

  • linfangite (erisipela ou linfangite estreptocócica);
  • linfedema
  • filariose (elefantíase, doença parasitária);
  • câncer (metástase nos nódulos linfáticos regionais ou locais).

Por meio da drenagem linfática manual (terapia complexa descongestiva) – uma das principais técnicas utilizadas nesse tipo de doença –, o paciente conseguirá obter uma melhora das pressões entre o tecido e os vasos, direcionando a linfa novamente para dentro do sistema circulatório.  Para um melhor resultado da drenagem linfática, podemos associar, ao tratamento, técnicas de enfaixamento compressivo, estimulação da realização de exercícios miolinfocinéticos, além da utilização de equipamentos específicos que auxiliarão na melhora dos sintomas. Os resultados, na maioria das vezes, são rápidos e percebidos logo na primeira sessão.

Portanto, temos como resultado a redução do edema, a melhora do condicionamento físico, o fortalecimento da musculatura responsável pelo retorno venoso, o aumento da autonomia do paciente e a melhora da qualidade de vida.

A Reabilitação Cardíaca é aplicada a todos os pacientes que apresentam ou apresentaram alguns dos problemas cardíacos abaixo:

  • doença Arterial Coronariana (DAC crônica, pós infarto agudo do miocárdio, pós-operatório de cirurgias de revascularização do miocárdio, pós angioplastia coronária);
  • insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC);
  • valvopatias (Valvopatias crônicas, pós-operatório de trocas valvares ou valvuloplastias);
  • pós transplante cardíaco;
  • doenças vasculares (arterial, linfática e venosa);
  • pacientes com risco de doença cardiovascular (portador de diabete mellitus, síndrome metabólica, obesidade).